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  • Postagem de Bolsonaro é interpretada como recado para Braga Netto não delatar


  • Para investigadores e integrantes do Judiciário, possíveis penas em caso de condenação fazem pressão a generais indiciados a colaborar.

Jair Bolsonaro (PL) após a prisão de Braga Netto, ocorrida no sábado (14), fez postagem que foi interpretada por militares como um recado para que o general não faça delação premiada.

"Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?", questionou Bolsonaro no próprio sábado, citando "a prisão do general", mas sem citar o nome de Braga Netto.

Para militares e investigadores, a avaliação hoje é que é difícil que Braga Netto faça adesão a uma delação premiada, em razão de "lealdade militar", nas palavras de uma pessoa que acompanha a investigação.

Eles avaliam também que o general conta com apoio político, demonstrado em postagens de Bolsonaro e de parlamentares, como o senador Rogério Marinho (PL-RN), que classificou a prisão de atropelo.

No entanto, a hipótese de delação, não pode ser descartada, avaliam esses investigadores. Eles recordam o caso de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco, que aderiu delação após uma negociação aparentemente impossível, e entregou os mandantes do crime.

Segundo fontes ouvidas, ressaltam que a prisão de Braga Netto aumenta a pressão sobre outros generais para que possam delatar, diante da possibilidade de penas às quais podem estar sujeitos em caso de condenação.

Para os militares, a avaliação é que a maior possibilidade de delação é a do general Mario Fernandes, suspeito de fazer parte de um grupo que planejou o assassinato de Lula (PT) e Alckmin.

Fernandes poderia informar detalhes de encontros com Bolsonaro, que falou com ele sobre o plano de assassinato de autoridades e se há algum rabisco do então mandatário nos documentos golpistas.

Marcus Vinicius Figueiredo, advogado de Fernandes, nega que seu cliente cogite uma delação premiada.

Golpistas são comparados ao PCC no STF

No STF, ministros se dizem surpresos com a extensão e a gravidade das ações investigadas pela PF.

Os magistrados declaram que sempre esperaram ações agressivas da família Bolsonaro, porém estão espantados com a quantidade de generais e militares se envolvendo com o crime, incluindo um plano de assassinato.

"Se comportaram como gente do PCC e do Comando Vermelho", declarou um ministro do STF.